Papa abre congresso eclesial em Roma com tema da família
Da Redação, com Rádio Vaticano
Foto: Reprodução CTV
Congresso resgata a exortação do Papa Francisco sobre a família e tem o próprio Pontífice fazendo o discurso de abertura dos trabalhos
Na noite desta quinta-feira, 16, o Papa Francisco participou da abertura do congresso eclesial da diocese de Roma, na Basílica de São João de Latrão. A família foi o ponto central do discurso do Papa e também o tema do congresso: “A alegria do amor – o caminho das famílias em Roma”.
O Pontífice quis recuperar algumas ideias/tensões-chaves que emergiram durante o caminho sinodal dedicado à família, que podem ajudar a compreender melhor o espírito que se reflete na Exortação apostólica “Amoris laetitia” –, fruto dos dois últimos sínodos. Então, ele falou de três imagens bíblicas.
A primeira imagem bíblica foi tirada do livro do Êxodo (3,5): “Tira as sandálias dos teus pés, porque o lugar em que te encontras é uma terra santa” – convite do Senhor a Moisés diante da sarça ardente.
Referindo-se ao caminho percorrido pelos Padres sinodais, o Papa ateve-se à preocupação em dar rosto aos temas sobre os quais se debruçaram durante os dois sínodos. “É a fé que nos impele a não cansarmos de buscar a presença de Deus nas mudanças da história”, ressaltou.
“Nossas famílias, as famílias em nossas paróquias com seus rostos, suas histórias, com todas suas complicações, não são um problema, são uma oportunidade”, ponderou. Oportunidade que nos desafia a suscitar uma criatividade missionária capaz de abraçar todas as situações concretas, em nosso caso, das famílias romanas, acrescentou.“Refletir sobre a vida de nossas famílias, assim como são e como se encontram, nos pede para tirar nossas sandálias para descobrir a presença de Deus”, frisou o Pontífice.
Tentação da lógica separatista
Como segunda imagem bíblica, Francisco falou do fariseu, quando rezando dizia ao Senhor: “Ó Deus, eu te dou graças, porque não sou como os outros homens, ladrões, injustos, adúlteros, nem mesmo como este publicano (Lc 18,11).
O Papa advertiu sobre a tentação de se ter uma lógica separatista. “Cremos ganhar identidade e segurança toda vez que nos diferenciamos ou nos isolamos dos outros, especialmente daqueles que estão vivendo numa situação diferente”, observou.
“Todos precisamos converter-nos, todos precisamos colocar-nos diante do Senhor e renovar sempre a aliança com Ele e dizer como o publicano: ‘Meu Deus, sede propício a mim, pobre pecador’.”
Com esse ponto de partida, observou Francisco, permanecemos incluídos na mesma “parte” e nos colocamos diante do Senhor com uma atitude de humildade e escuta.
Misericórdia
Ao voltar-se para a misericórdia, o homem coloca-se diante da realidade de modo realista, explicou o Papa, não porém com um realismo qualquer, mas com o realismo de Deus.
“Não se trata de não propor o ideal evangélico, pelo contrário, convida-nos a vivê-lo no seio da história, com tudo aquilo que comporta”, observou Francisco acrescentando que isso não significa não ser claros na doutrina, mas evitar cair em juízos e atitudes que não assumem a complexidade da vida.
A terceira e última imagem da qual o Papa falou foi tirada do livro do profeta Joel (3,1): “Os anciãos farão sonhos proféticos”. Francisco disse que, com essa imagem, quis ressaltar a importância que os padres sinodais deram ao valor do testemunho como lugar em que se pode encontrar o sonho de Deus e a vida dos homens.
“Nos sonhos dos nossos anciãos, muitas vezes, reside a possibilidade que os nossos jovens tenham novas visões, tenham novamente um futuro, um amanhã, uma esperança”, concluiu.