Evitar “instrumentalização” das suas palavras nos discursos
Por ACI
O Papa Francisco lamentou a instrumentalização de algumas das suas palavras pronunciadas em sua recente passagem pela América do Sul e durante o voo de regresso à Roma pediu respeito ao contexto e à hermenêutica dos seus discursos e que suas palavras não sejam “instrumentalizadas” pela mídia.
Desta forma, o Santo Padre esclareceu as diversas mal interpretações e as análises que várias pessoas e meios fizeram de acordo aos seus próprios interesses no mundo todo.
No avião de regresso de Assunção (Paraguai), o Pontífice declarou aos jornalistas: “É muito importante no trabalho de vocês a hermenêutica de um texto. Um texto não pode ser interpretado com uma frase. A hermenêutica tem que ser em todo o contexto.”
“Existem frases que são a chave da hermenêutica. Outras que são ditas por alto. É necessário analisar todo o contexto da situação, inclusive ver a história narrada neste momento. Ou, se estamos falando de um determinado momento, devemos interpretar um fato passado com a hermenêutica desse tempo”, indicou o Papa.
O Pontífice advertiu ainda: “Cada palavra, cada frase de um discurso pode ser instrumentalizada”, como por exemplo, no caso equatoriano, quando alguns diziam que eu era a favor do governo, outros contra o governo” “Por isso prefiro falar da hermenêutica total”, disse o Papa, porque seus discursos “são sempre instrumentalizados” e lamentou que “algumas vezes existam notícias nas quais pegam uma frase fora de contexto”, mas assegurou que “não tem medo” desta atitude da mídia.
“Simplesmente digo: olhem o contexto e se me equivoco, com um pouco de vergonha, pedirei perdão e seguirei em frente”, assegurou.
Ao chegar ao Equador, no dia 5 de abril, o Pontífice destacou que “o povo equatoriano se colocou de pé, com dignidade” o que levou a que, em meio aos problemas políticos, greves e manifestações neste país, sua mensagem fosse interpretada de forma conveniente por ambos lados do conflito.
Durante a coletiva de imprensa, no voo que o levou do Paraguai à Roma, o Santo Padre assinalou que “evidentemente, sei que havia problemas políticos e greves. Eu sabia”, embora “não conhecesse as intrigas na política do Equador. Seria néscio se desse uma opinião a respeito do tema”.
O Papa Francisco destacou que “me disseram que houve um parêntese (nos protestos) durante minha visita, e eu agradeço. É um gesto de um povo que está de pé respeitar a visita do Papa. Agradeço e valorizo isto”.
“Evidentemente agora continuam os problemas e as discussões políticas”, indicou.
O Santo Padre explicou também que quando se referiu a que “o povo equatoriano se colocou de pé, com dignidade”, em seu discurso ao chegar ao Equador, referiu-se “a uma maior consciência que o povo equatoriano foi tomando da sua dignidade”.
“O Equador, – indicou o Papa – passou por uma guerra de fronteiras com o Peru há alguns anos, depois da qual existe uma maior consciência da maior riqueza étnica”.
“Equador não é um país de descarte, ou seja, me refiro a todo o povo e a toda a dignidade desse povo, que depois da guerra de fronteiras, se colocou de pé e tomou cada vez mais consciência da sua dignidade”, disse.
O Papa Francisco lamentou que “essa frase tenha sido instrumentalizada para explicar ambas as situações: que o governo colocou de pé o Equador, ou que teriam colocado de pé os opositores do governo”, concluiu.