Papa defende diálogo teológico com os vétero-católicos
Jéssica Marçal, da Redação
Foto: Arquivo
Francisco disse que ambas as partes podem se apoiar no testemunho credível para ajudar a responder à crise espiritual na Europa
O Papa Francisco recebeu em audiência nesta quinta-feira, 30, uma delegação de bispos vétero-católicos da União de Utrecht, Igreja separada de Roma depois do Concílio Vaticano I, realizado em 1870. O Santo Padre defendeu o diálogo teológico entre a Igreja católica e a vetero-católica e a colaboração delas para responder à crise espiritual na Europa.
“Há sede de Deus. Há um profundo desejo de redescobrir o sentido da vida. E há uma necessidade urgente de um testemunho credível das verdades e dos valores do Evangelho. Nisto, podemos nos apoiar e encorajar reciprocamente, sobretudo em nível de paróquias e de comunidades locais”.
Francisco reconheceu a importância do trabalho da comissão internacional de diálogo entre católicos e vétero-católicos, que busca uma crescente fidelidade na oração de Deus para que todos sejam um. Ele destacou as pontes de entendimento construídas ao longo do tempo, lembrando, porém, os desacordos que também surgiram.
“O desafio que católicos e veterocatólicos precisam enfrentar é, então, aquele de perseverar em um substancial diálogo teológico e continuar a caminhar juntos, a rezar juntos e a trabalhar juntos em um mais profundo espírito de conversão a tudo aquilo que Jesus quer para a sua Igreja”, disse.
O Santo Padre definiu o caminho rumo à unidade como uma viagem espiritual que vai do encontro à amizade, da amizade à irmandade e da irmandade à comunhão. Ele explicou que, ao longo do percurso, a mudança é inevitável, então é necessária uma disposição para escutar e seguir o Espírito Santo.
Em sua saudação, o arcebispo de Utrecht e presidente da Conferência Internacional dos bispos vétero-católicos da União, Joris Vercammen, destacou como melhoraram as relações com a Igreja católica, apesar das questões de divisão.
Ele disse estar convencido do importante papel do ministério do Papa para o desenvolvimento de questões ecumênicas, necessárias para ajudar toda Igreja local a anunciar o Evangelho no mundo moderno. O arcebispo expressou sua gratidão pelo convite a uma reflexão comum sobre o papel do Bispo de Roma, já feito por João Paulo II na Encíclica Ut unum sint, e repetido por Francisco na Exortação Apostólica Evangelii gaudium.
“Façamos o nosso melhor para contribuir com esse pedido muito importante”, concluiu.