Realidade humana

Por Dom Paulo Mendes Peixoto, Arcebispo de Uberaba

Todo ser humano, isto é, todas as pessoas deveriam conviver numa realidade de unidade, mesmo respeitando as reais diversidades presentes no meio da sociedade. Há pontos comuns importantes, como é o caso da fé em Deus, vivida em diversas dimensões, mas com objetivos claros; o dom da sabedoria e a confiança na proteção divina, que desperta esperança nas pessoas.

A confiança decidida por Deus, ou a relação íntima com Ele, proporciona paz verdadeira, perseverança real nas dificuldades e autenticidade na prática do amor. Na Festa da Santíssima Trindade, a fonte da unidade, o Brasil todo é convocado para expressar sua identidade como país cristão, superando os entraves políticos e econômicos que impedem seu desenvolvimento sustentável.

Falando de realidade humana, tocamos no tema da inclusão social, fato que deve ser um dos compromissos efetivos e sagrados do Estado, defendendo o estado de direito, próprio de cada cidadão. As práticas hoje não são condizentes com as necessidades humanas, porque visualizamos atos desumanos e excludentes, deixando na marginalidade grande porção da população brasileira.

Os seres humanos necessitam de paz e harmonia entre si, com a natureza e com Deus. Aí está a fonte da dignidade, do bem-estar e das bençãos fecundas do Senhor. Diz a Palavra bíblica que “a constância leva a uma virtude provada e a virtude provada desabrocha em esperança” (Rm 5,6). É a esperança que não engana e fortalece o empenho cotidiano na realização do bem para todos.

Para se ter compreensão verdadeira da realidade do ser humano, criado à imagem e semelhança do Criador, temos que nos libertar das amarras produzidas pela dinâmica da sociedade moderna. Estamos muito absorvidos pelo pensamento secularista e pelo laicismo, dificultando enxergar a dimensão espiritual, que faz parte essencial presente no coração das pessoas humanas.

Importa prestar atenção nos desafios da história e descobrir a fonte da dignidade, que está na filiação divina. “Sendo filhos, somos também herdeiros: herdeiros de Deus, herdeiros junto com Cristo” (Rm 8,16-17). Implica também responsabilidade na construção do bem da sociedade, fazendo com que ela seja humana e as pessoas se sintam felizes e corresponsáveis no contexto de sua vida social.