Papa Francisco: ninguém fica órfão quando atraído por Jesus
Da Redação, com Rádio Vaticano
Foto: Reprodução CTV
Papa convidou fiéis a abrirem o coração a Jesus; cristãos que não fazem isso vivem como órfãos
“Um cristão que não se deixa atrair pelo Pai é um cristão que vive como um órfão”, afirmou o Papa Francisco, na homilia desta terça-feira, 19, na capela da Casa Santa Marta. O Santo Padre começou a reflexão partindo da pergunta que os judeus fazem a Jesus, contida no Evangelho do dia: “És tu o Messias?”.
Essa pergunta, que escribas e fariseus repetirão várias vezes, observou Francisco, nasce de um coração cego. Uma cegueira de fé que o próprio Jesus explica: “Vós não acreditais, porque não sois das minhas ovelhas”. Fazer parte do rebanho de Deus é uma graça, mas é necessário um coração disponível.
“’As minhas ovelhas escutam a minha voz, eu as conheço e elas me seguem. Eu dou-lhes a vida eterna e elas jamais se perderão. E ninguém vai arrancá-las de minha mão’. Essas ovelhas estudaram para seguir Jesus e depois acreditaram? Não. ‘Meu Pai, que me deu estas ovelhas, é maior que todos’. É propriamente o Pai que dá as ovelhas ao pasto. É o Pai que atrai os corações para Jesus”.
Como órfãos
A dureza de coração de escribas e fariseus, que veem as obras realizadas por Jesus, mas se negam a reconhecer n’Ele o Messias, é um drama que vai adiante até o Calvário, explicou o Papa. Ou melhor, prossegue inclusive depois da Ressurreição, quando sugerem aos soldados que vigiavam o sepulcro para que digam que estavam dormindo e, assim, atribuir aos discípulos o roubo do corpo de Cristo. Nem mesmo o testemunho de quem assistiu à Ressurreição os fez mudar de ideia. “São órfãos”, reiterou Francisco, porque renegaram o seu Pai.
“Esses doutores da lei tinham o coração fechado, sentiam-se donos de si mesmos e, na realidade, eram órfãos, porque não tinham uma relação com o Pai. Falavam, sim, de seus pais – o nosso pai Abraão, os Patriarcas… – falavam, mas como figuras distantes. Em seus corações, eram órfãos, viviam no estado de órfãos, em condições de órfãos, e preferiam isso a deixar-se atrair pelo Pai. Esse é o drama do coração fechado dessas pessoas”.
“Atrai-me para Jesus”
Francisco enfatizou a importância de se deixar atrair por Deus ao recordar a Primeira Leitura: muitos pagãos se abriam à fé em Cristo graças à pregação dos discípulos. Eles levaram a Palavra até a Fenícia, Chipre e Antioquia onde, num primeiro momento, também tiveram medo, mas o coração aberto os guiou. Um coração como aquele de Barnabé que, enviado a Antioquia, não se escandaliza com a conversão dos pagãos, porque aceitou a novidade, deixou-se atrair pelo Pai, por Cristo.
“Jesus nos convida a sermos seus discípulos, mas, para sê-lo, devemos nos deixar atrair pelo Pai em direção a Ele. E a oração humilde do filho, que podemos fazer é: ‘Pai, atrai-me para Jesus; Pai, faz-me conhecer Jesus’, e o Pai enviará o Espírito para nos abrir o coração e nos levar até Jesus. Um cristão que não se deixa atrair pelo Pai, para Jesus, é um cristão que vive em condição de órfão; e nós temos um Pai, não somos órfãos.”