papa_familiaApresentado documento do Papa Francisco sobre o amor na família

Por Jéssica Marçal, da Redação
Foto: Arquivo – L’Osservatore Romano

Exortação pós-sinodal reúne reflexões do Sínodo da Família com indicações pastorais e atenção às famílias feridas

O Vaticano apresentou, nesta sexta-feira, 8, em coletiva de imprensa, a Exortação Apostólica Pós-Sinodal Amoris laetitia, do Papa Francisco, documento tão esperado com as conclusões do Sínodo da Família.

A exortação do Papa é ampla e articulada, e traz desde reflexões sobre família à luz da Palavra de Deus até orientações pastorais para a formação de famílias sólidas, sob a perspectiva divina. O documento é datado de 19 de março, data simbólica por ser a Solenidade de São José.

Francisco escreveu a Amoris laetitia com base nos relatórios do Sínodo da Família, documentos de Papas predecessores e as catequeses sobre família. Além disso, recorreu à contribuição de diversas conferências episcopais e citações de personalidades de relevo, como Martin Luther King.

O Santo Padre deixa clara a complexidade do tema e por isso escreve: “Nem todas as discussões doutrinais, morais ou pastorais devem ser resolvidas através de intervenções magisteriais”. Por isso, acrescenta, para algumas situações, em cada país ou região é possível buscar soluções mais enculturadas, ou seja, de acordo com as tradições e desafios locais.

Desafios das famílias

O primeiro capítulo é dedicado a refletir o tema à luz Palavra de Deus. Francisco toma como base o Salmo 128 para destacar que a família não é um ideal abstrato, mas uma tarefa artesanal. Só então ele entra, no capítulo 2, na situação atual das famílias, abrangendo seus desafios, como a ideologia de gênero, a mentalidade anti-natalidade e o abuso de menores, só para citar alguns.

O capítulo seguinte dá espaço para a palavra da Igreja sobre família, abrangendo seus ensinamentos sobre o matrimônio e a família. São 30 parágrafos dedicados à vocação à família de acordo com o Evangelho. É a oportunidade que o Papa encontra para falar de temas como a indissolubilidade, sacramentalidade do matrimônio, transmissão da vida e educação dos filhos.

Nesse ponto, Francisco faz uma ressalva com relação às famílias feridas: lembra que os pastores precisam discernir bem as situações; ao mesmo tempo que se exprime com clareza a doutrina, é preciso evitar juízos que não considerem a complexidade das diferentes situações.

Dimensão erótica do amor

O Santo Padre não deixa de falar do amor no matrimônio e traz uma novidade: ao fazer um aprofundamento psicológico que chega ao mundo das emoções do casal, ele inclui a dimensão erótica do amor, uma contribuição rica que até então não tinha paralelo em outros documentos papais.

Ele também aborda, em outro capítulo, a fecundidade do casal, incluindo a “fecundidade alargada”, que diz respeito à adoção e ao acolhimento dos outros membros da família.

Orientações pastorais

No capítulo 6, Francisco traz indicações pastorais para a edificação de famílias sólidas e fecundas de acordo com o plano de Deus. Aqui, o Pontífice abrange desde a necessidade da preparação dos noivos até o acompanhamento dos primeiros anos da vida matrimonial, sem esquecer os casais que acabaram se separando ou se divorciando e a importância da reforma dos procedimentos para reconhecimento dos casos de nulidade matrimonial. A linha adotada por Francisco é a de reforçar o amor e ajudar a curar as feridas, para impedir o avanço desses dramas do tempo atual.

Um dos capítulos mais delicados é o oitavo, quando Francisco indica três palavras-chave: “acompanhar, discernir e integrar”. O Pontífice se refere aos casos em que a realidade não corresponde àquilo que Deus quer, logo, o convite é à misericórdia e ao discernimento pastoral.

O último capítulo fala da espiritualidade conjugal e familiar. A exortação apostólica é concluída com uma oração à Sagrada Família.

Carta do Papa aos bispos

Para os bispos de todo o mundo, o Papa Francisco enviou um quirógrafo (documento escrito de próprio punho) acompanhando sua Exortação Apostólica Pós-Sinodal. O Santo Padre escreveu:

“Caro irmão,

Invocando a proteção da Sagrada Família de Nazaré, tenho a alegria de te enviar a minha Exortação Amoris laetitia para o bem de todas as famílias e de todas as pessoas, jovens e idosas, confiadas ao teu ministério pastoral.

Unidos no Senhor Jesus, com Maria e José, peço-te que não te esqueças de rezar por mim”.