Sacramento da Misericórdia
Por Dom Anuar Battisti, Arcebispo de Maringá (PR)
Estamos vivendo o tempo litúrgico da quaresma, em que continuamente soam em nossos ouvidos o chamado a um caminho cada vez mais concreto de conversão.
Mudança, transformação, vida diferente, marcada por um coração capaz de amar sem medida. Para tomar consciência do que realmente precisa mudar, temos a oportunidade de celebrar a confissão pessoal das nossas faltas.
Na semana passada o papa Francisco disse: “A confissão não deve ser uma tortura ou um interrogatório pesado, mas um encontro libertador que manifesta a misericórdia infinita de Deus. Não esqueçamos nunca, tanto como penitentes que como confessores: não existe pecado algum que Deus não possa perdoar! Nenhum! Só o que é subtraído à divina misericórdia não pode ser perdoado, como quem se subtrai do sol não pode ser iluminado nem aquecido”.
À luz deste maravilhoso dom de Deus o papa salientou três exigências: viver o sacramento como meio para educar à misericórdia; deixar-se educar por aquilo que celebramos; e manter o olhar sobrenatural.
Viver o sacramento como meio para educar à misericórdia, significa ajudar os nossos irmãos a fazer experiência de paz e compreensão humana e cristã, reiterando que a Confissão não deve ser uma “tortura”, mas que todos deveriam deixar o confessionário com a felicidade no coração, com o rosto radiante de esperança, embora por vezes também molhado pelas lágrimas da conversão e da alegria que dela deriva.
Ao recordar a exigência de se deixar educar por aquilo que celebramos, o papa, dirigindo-se aos confessores, convidou-os a se deixarem educar pelo Sacramento da Reconciliação, pois por vezes acontece de ouvir confissões que nos edificam, irmãos e irmãs que vivem uma autêntica comunhão pessoal e eclesial com o Senhor e um amor sincero para com os irmãos; almas simples, almas de pobres em espírito, que se abandonam totalmente ao Senhor. Francisco também acrescentou: “Quanto podemos aprender da conversão e do arrependimento dos nossos irmãos! Eles nos encorajam a fazer também nós um exame de consciência: eu, sacerdote, amo assim o Senhor, que me fez ministro da sua misericórdia? Eu, confessor, estou dispostos para a mudança, a conversão, como este penitente, ao serviço do qual fui chamado?”
Todos nós fomos constituídos ministros da reconciliação por pura graça de Deus, gratuitamente e por o amor, ou melhor, precisamente por misericórdia. Somos ministros da misericórdia graças à misericórdia de Deus; nunca devemos perder este olhar sobrenatural, que nos torna realmente humildes, acolhedores e misericordiosos para com cada irmão e irmã que pede para se confessar”.
No sacramento da confissão ou penitência, tanto um como outro, somos beneficiados pela graça misericordiosa de Deus, através do sinal sacramental que é a confissão. Não existe melhor estado de espírito do que sentir-se perdoado, pois para Deus não existe pecado que não tenha perdão. E como não recordar uma bela expressão do papa: “Deus nunca se cansa de perdoar, mas nós nos cansamos de pedir perdão”. Por isso que Francisco anunciou o “Ano Santo extraordinário da Misericórdia”, de 08 de dezembro 2015 a 20 de novembro 2016. Anunciar ao mundo que a misericórdia de Deus é o caminho da paz e da harmonia. Que Deus te abençoe. Uma abençoada semana para você e sua família!