A fé é um dom, diz Papa em entrevista a jornal argentino

Da Redação, com Rádio Vaticano

Francisco conversou com pároco da periferia de Buenos Aires; entrevista foi publicada por jornal paroquial da periferia argentina

A realidade, mesmo a das pessoas, é melhor vista da periferia para o centro, reiterou o Papa Francisco em uma entrevista concedida ao jornal paroquial “La Carcova News”, da periferia de Buenos Aires, na Argentina.

A entrevista foi concedida em 7 de fevereiro ao pároco de São João Bosco, na periferia de Buenos Aires, padre José María di Paola, conhecido como “padre Pepe”. Sobre uma visita a Argentina, Francisco disse pensar em fazê-la em 2016, mas é preciso encontrar um ajuste com outras viagens.

Às vésperas do segundo aniversário do pontificado de Francisco, celebrado nesta sexta-feira, 13, a entrevista retoma os temas que ele aborda nas homilias na Casa Santa Marta, nas visitas às paróquias ou nas catequeses e Angelus.

A realidade é vista melhor da periferia

“A realidade é vista melhor da periferia que do centro”, disse o Papa referindo-se também à realidade de uma pessoa, a periferia existencial, ou a realidade do seu pensamento. Ele mencionou ainda o problema das drogas, ao qual muitos países estão submetidos, manifestando sua preocupação pelo “triunfalismo dos traficantes”, porque pensam que venceram.

Pais: transmitir fé aos filhos

Francisco convida a transmitir aos filhos valores fortes através do amor, do afeto, do tempo passado com eles e, sobretudo, com a fé. “Sofro ao encontrar uma criança que não sabe fazer o sinal da Cruz. Quer dizer que não lhe foi dada a coisa mais importante que um pai e uma mãe podem dar: a fé”.

Papa: um pecador como os outros

Na entrevista, Francisco admite ser um pecador como qualquer outro, mas diz que o que o move é a certeza de que a pessoa é imagem e semelhança de Deus, que a vida está nas mãos de Deus e que o Senhor não abandona os seus filhos.

Ele explicou que, em alguns momentos, a pessoa é consciente da presença de Deus, mas outras vezes se esquece disso. A fé, porém, não é um sentimento e sim um dom, uma relação com Jesus Cristo que salva. O Papa reiterou, então, o convite a ter sempre no bolso um pequeno Evangelho: “É dali que a fé tem o seu alimento”.

Gestos de amor

Outra indicação dada pelo Papa foi realizar obras de amor para o povo e escutar as pessoas. “Mesmo se você não está de acordo com elas, sempre, sempre te dão alguma coisa”.

Na era das relações virtuais, Francisco mencionou o risco de, mesmo com tantas informações, criar “jovens-museus”: pessoas muito bem informadas, mas que não sabem o quer fazer com tudo o que sabem. A fecundidade na vida quer dizer amar, significa ter um “contato físico”, estender a mão a uma pessoa e abraçá-la. “O amor virtual não existe”.