Papa afirma que moderna tirania procura suprimir liberdade religiosa
Por Rogéria Nair, da redação
Foto: Reprodução CTV
Papa afirma que diferentes formas de moderna tirania procuram suprimir liberdade religiosa
Francisco que está há alguns dias fora de Roma visitando o continente americano, tem visitado pontos estratégicos. Na tarde deste sábado, 26, esteve no Independence Mall.
Localizado na região centro-oeste da cidade da Filadélfia, o Independence é lugar onde algumas das mais importantes decisões da história dos Estados Unidos foram tomadas. Em 1776, neste local foi declarada a independência do país e mais tarde foi discutida e aprovada a constituição americana. Desta vez o local serviu como ponto de Encontro Pela Liberdade Religiosa.
Em seu discurso Francisco disse que a Declaração de Independência afirmou que todos os homens são criados iguais, dotados pelo Criador, de alguns direitos inalienáveis os quais os governos existem para proteger e defender.
Recordando as grandes lutas que , principalmente, levaram à abolição da escravatura, à extensão do direito de voto, afirmou que um país, quando está determinado a permanecer fiel a seus princípios fundadores que se baseiam no respeito pela dignidade humana, torna-se mais forte e renova-se.
“Um povo que recorda não repete os erros do passado”, afirmou o Santo Padre que também assegurou que a memória salva a alma dum povo de tudo aquilo ou de todos aqueles que poderiam tentar dominá-lo ou utilizá-lo para os seus interesses.
Referindo-se à liberdade religiosa, garantiu ser direito fundamental que transcende, por sua natureza, os lugares de culto, bem como a esfera dos indivíduos e das famílias.
Diferentes formas de moderna tirania procuram suprimir a liberdade religiosa
Francisco convidou a olhar à história, especialmente a do século passado, para ver as atrocidades perpetradas pelos sistemas que pretenderam construir “paraíso terrestres” dominando povos, subjugando-os com princípios aparentemente indiscutíveis e negando-lhes qualquer tipo de direito.
Para ele atua no mundo uma moderna tirania que procura suprimir a liberdade religiosa, ou reduzi-la a uma subcultura, frente a isso o Papa, reiterou que: “torna-se forçoso que os seguidores das diferentes religiões unam a sua voz para invocar a paz, a tolerância, o respeito pela dignidade e os direitos dos outros.”
O Santo Padre, cumpriu o que ele mesmo disse a respeito de fazer memória à história. Lembrou-se dos Quackers, fundadores da Filadélfia, os quais impulsionados pelo Evangelho fundaram uma colônia que haveria de ser um paraíso de liberdade religiosa e tolerância. Mencionou ainda São João Paulo II, que por ocasião de sua visita, ao mesmo lugar, fez um tributo aos fundadores da cidade, quando o santo lembrou a todos os americanos que: “a prova decisiva da vossa grandeza é o modo como tratais cada ser humano, mas de maneira especial os mais fracos e os mais indefesos”.
Francisco agradeceu a todos que independente da religião, procuraram servir o Deus da paz construindo cidades animadas pelo amor fraterno, cuidando do próximo em necessidade, defendendo a dignidade do dom divino da vida em todas as sua fases, defendendo a causa dos pobres e dos imigrantes.
Francisco falou de geometria para explicar como deve ser a globalização
“A globalização não é má, ao contrário, a tendência a globalização é boa, nos unde. O que pode ser mal é o modo de fazê-la. Se uma globalização pretende igualar a todos como se fosse uma esfera, essa globalização destrói a riqueza e a particularidade de cada pessoa e de cada povo.
Se uma globalização busca unir a todos, respeitando a cada pessoa, sua pessoa, sua riqueza e sua peculiaridade, respeitando a cada povo, sua riqueza e sua peculiaridade essa globalização é boa e nos faz crescer a todos e serve a paz.
Permitam-me usar um pouco de geometria aqui. Se a globalização é uma esfera onde cada ponto é igual equidistante do centro, anula, não é boa. Mas se a globalização une como um poliedro , onde estão todos unidos, mas cada um conversa sua própria identidade, faz crescer a todos e lhes dá direito”, improvisou o Sumo Pontífice durante o discurso.
“Não vos envergonheis daquilo que faz parte de vós”
“Não vos envergonheis das vossas tradições”, suplicou o Papa por duas vezes aos imigrantes. Assegurando que tal com os antepassados trouxeram talentos à nação, estes também trazem.
Segundo o Pontífice os imigrantes, também, são chamados a ser cidadãos responsáveis, de modo que ajude a sociedade a renovar-se a partir de dentro, na fé fervorosa e no sentido profundo da vida familiar e em todos os outros valores que receberam em herança.
Agradeceu o acolhimento caloroso, desejou que fossem renovados na gratidão pelas muitas liberdades de que possuem. “Possais defender estes direitos, especialmente a vossa liberdade religiosa, porque esta foi-vos dada pelo próprio Deus”, disse Francisco.
Por último pediu que conservassem e cuidassem da liberdade que dá a cada povo a seus direitos.