“Deus quer a santa e amada Igreja pobre”, afirma Papa
Por Rogéria Nair, da redação
Foto: Arquivo
Papa Francisco preside a Celebração das Vésperas com padres, religiosos e seminaristas na Catedral de Havana
Durante a celebração das vésperas na Catedral de Havana, neste Domingo, 20, o Santo Padre afirmou que todo batizado, sacerdote, consagrado é profeta, e exortou-os a viverem no espírito de pobreza. O Pontífice, mais uma vez, deixou o discurso preparado de lado e improvisou a partir do testemunho dos religiosos, sobretudo os que se dedicam no serviço e cuidado aos mais necessitados.
Recebido com o tradicional canto da Igreja ao Sumo Pontífice, “Tu és Pedro “, o Papa Francisco chegou a Catedral de Havana para rezar o ofício das leituras com padres, seminaristas, religiosos e religiosas cubanos e de todo o mundo que atuam no país como missionários. Havia muitos deles com idade avançada e alguns até cadeirantes, os quais o Pontífice fez questão de cumprimentar.
Francisco foi acolhido pelo Cardeal Jaime Ortega Alamino, o qual abordou a pobreza da Igreja local, afirmando que existem testemunhos admiráveis de desprendimento no país. “Na Igreja de Cuba não existem espaços fáceis para competitividade”, declarou Ortega.
Em seguida uma religiosa das Filhas da Caridade, que trabalha numa instituição que cuida de pessoas com idade entre 12 e 71 anos, os quais possuem dificuldades físicas e mentais, testemunhou sua missão, dizendo que quando foi enviada a esse trabalho, chorou, pois, tinha outros planos para sua vocação. “Descalçamo-nos diante do mistério de Deus, frente aqueles que para muitos não são vistos”, e afirmou que hoje vê seu campo de missão como o lugar mais belo do mundo.
“A vida religiosa em Cuba com seus diferentes carismas, busca a se aproximar com amor dos enfermos. Com reconhecimento da dignidade de cada pessoa e como parte da Boa Nova do evangelho. Confiando sempre na via de Jesus Cristo e com Maria, sua mãe”, ressaltou a monja.
Deus quer a santa e amada Igreja pobre
Em seu discurso improvisado, Francisco enfatizou que o mundo não conhece a pobreza não por pudor, mas por desprezo. “O Espírito do mundo não ama o caminho do Filho de Deus, que se esvaziou de Si mesmo, para ser pobre. Humilhou-se para ser um de nós”, afirmou.
“Deus quer a santa e amada Igreja pobre, assim como quis pobre a nossa Santa Mãe Maria”, ao fazer esta afirmação pediu amor pela pobreza e que religiosos e religiosas não se esquecessem que a primeira bem-aventurança se refere a pobreza: “Bem-aventurados os pobres em espírito, pois deles é o Reino dos Céus”. (c.f Mateus 5,3)
Segundo o Papa muitas religiosas e religiosos “queimam a vida” acariciando material de descarte, a quem o mundo despreza e prefere que não exista. Fez menção aos métodos e análises que quando detectam imperfeições em uma nova vida prefere “mandá-la de volta” antes que nasça.
“Graças a todas a essas mulheres consagradas ao serviço dos ‘inúteis’, porque não podem ganhar dinheiro com esse serviço aos menores. Obrigado a todos os consagrados e consagradas que fazem isso”, agradeceu o Pontífice.
Confessionário: lugar privilegiado para acolher os mais necessitados
O Bispo de Roma disse aos sacerdotes que o lugar privilegiado para acolherem os mais necessitados é o confessionário, onde o homens e mulheres mostram sua miséria. Pediu, por favor, que os clérigos não os castiguem, mas antes, lembrem-se de seus próprios pecados. “Por favor, não se cansem de perdoar, sejam perdoadores, como fazia Jesus. Assim como as monjas que não ficam furiosas quando encontram um enfermo sujo, vocês também, quando encontrarem um pecador, não o insulte, Jesus os abraçava”, pediu Francisco.
Ao final pediu aos Bispos e sacerdotes que sejam a misericórdia de Jesus e dêem abraços de perdão aos pequeninos que vão aos confessionários. Afirmou que os religiosos que o acolheram semearam no coração dos presentes pobreza e misericórdia, onde está Jesus.