Papa inaugura Sínodo sobre a família, no Vaticano
Da redação, com Rádio Vaticano
“A Igreja deve viver a sua missão na caridade sem apontar o dedo para julgar os outros”, disse o Papa Francisco
Com uma celebração eucarística na Basílica de São Pedro, o Papa Francisco inaugurou na manhã deste domingo, 4, a XIV Assembleia Geral Ordinária do Sínodo dos Bispos, que tem por tema a família.
A Missa foi concelebrada pelos 270 padres sinodais, que a partir desta segunda-feira, 5, vão debater “A vocação e a missão da família na Igreja e no mundo contemporâneo”.
Em sua homilia, o Pontífice comentou as leituras do dia, “que parecem escolhidas de propósito” para o evento que a Igreja se prepara a viver e estão centradas em três argumentos: o drama da solidão, o amor entre homem, mulher e a família.
Solidão
Na primeira Leitura, Adão vivia no paraíso e sentia-se só. A solidão, disse o Papa, “é um drama que ainda hoje aflige muitos homens e mulheres”, e citou os idosos, os viúvos, homens e mulheres deixados pela sua esposa e pelo marido, migrantes e refugiados que escapam de guerras e perseguições; e tantos jovens vítimas da cultura do consumismo e do descarte.
Francisco denunciou o paradoxo do mundo globalizado, “onde há tantas habitações de luxo, mas o calor da casa e da família é cada vez menor; muitos projetos ambiciosos, mas pouco tempo para desfrutá-los; muitos meios sofisticados de diversão, mas um vazio cada vez mais profundo no coração; tantos prazeres, mas pouco amor; tanta liberdade, mas pouca autonomia… Aumenta cada vez mais o número das pessoas que se fecham na escravidão do prazer e do deus-dinheiro”.
O Papa constatou ainda que há pouca seriedade em levar avante uma relação sólida e fecunda de amor. Segundo ele, cada vez mais, o amor duradouro e fiel é objeto de zombaria e olhado como se fosse uma antiguidade. “Parece que as sociedades mais avançadas sejam precisamente aquelas que têm o índice mais baixo de natalidade e o índice maior de abortos, de divórcios, de suicídios e de poluição ambiental e social”.
O amor entre homem e mulher
Deus não criou o ser humano para viver na tristeza ou para estar sozinho, disse o Papa, mas para a felicidade, para partilhar o seu caminho com outra pessoa; para amar e ser amado. Francisco disse que é Ele que une os corações de duas pessoas que se amam e liga-os na unidade e na indissolubilidade. “Isto significa que o objetivo da vida conjugal não é apenas viver juntos para sempre, mas amar-se para sempre”, afirmou.
A família
Citando o Evangelho de São Marcos “O que Deus uniu não o separe o homem”, Francisco afirmou que se trata de uma exortação a superar toda a forma de individualismo. Para Deus, explicou o Papa, o matrimônio não é utopia da adolescência, mas um sonho sem o qual a sua criatura estará condenada à solidão.
“Paradoxalmente, também o homem de hoje continua atraído e fascinado por todo o amor autêntico, fecundo, fiel e perpétuo. Corre atrás dos prazeres carnais, mas deseja a doação total”.
Para o Papa, a Igreja é chamada a viver a sua missão na fidelidade e na verdade, nNeste contexto social e matrimonial “bastante difícil”. “Isto é, defender a sacralidade da vida, a indissolubilidade do vínculo conjugal, sem mudar sua doutrina segundo as modas passageiras ou as opiniões dominantes.
Caridade
Outro elemento fundamental, segundo o Santo Padre, é também a caridade. “A Igreja deve viver a sua missão na caridade sem apontar o dedo para julgar os outros, mas se sente no dever de procurar e cuidar dos casais feridos com o óleo da aceitação e da misericórdia; de ser ‘hospital de campanha’, com as portas abertas para acolher todo aquele que bate pedindo ajuda e apoio.”
A Igreja, exortou Francisco, deve procurar o homem e a mulher, para acolhê-los e acompanhá-los, porque uma Igreja com as portas fechadas trai a si mesma e à sua missão e, em vez de ser ponte, torna-se uma barreira.
“Com este espírito, peçamos ao Senhor que nos acompanhe no Sínodo e guie a sua Igreja pela intercessão da Bem-Aventurada Virgem Maria e de São José, seu castíssimo esposo.”, finalizou.