Novas Comunidades auxiliam nos atuais desafios da Igreja
Por A12
As novas comunidades são uma realidade ainda recente. O Concílio Vaticano II marca esse novo Pentencostes, essa nova primavera na vida da Igreja. A partir de então florescem movimentos em respostas aos desafios da cultura moderna. Os fiéis encontram a possibilidade de vivenciar radicalmente o Evangelho, de se formar na fé cristã, crescer e se comprometer apostolicamente como verdadeiros discípulos missionários.
Para enfrentar o secularismo avassalador dos dias de hoje, os jovens são convidados a viver em comunidade, assim como nos primórdios da Igreja, caminhando da mesma forma que os apóstolos junto ao Mestre.
Missionário da comunidade Shalom de Aparecida (SP), Sérgio Augusto Galhardo, 33 anos, descobriu o carisma durante um retiro. Depois de um acompanhamento para o discernimento vocacional ele passou a integrar a comunidade. “Encontrei fora de mim aquilo que tinha dentro de mim”, conta o missionário ao relembrar como foi seu primeiro contato com essa realidade.
A ação missionária da Shalom se dedica à evangelização, formação e ao acolhimento aos jovens. A comunidade surgiu de uma lanchonete, que servia como chamariz para atrair o público juvenil, em Fortaleza (CE). Dessa maneira, a Palavra de Deus era levada sutilmente aos jovens.
Galhardo conta que é na vida comunitária que se vive verdadeiramente o Evangelho, de forma fraterna, sendo possível transbordar e levar os ensinamentos de Cristo. Dentre as atividades do missionário estão momentos dedicados à oração, missa diária, terço, formação, entre outros. “A vida em comunidade é fonte de graça. O irmão de comunidade é o lugar que eu encontro a Jesus Cristo”, afirma.
O missionário pertence à comunidade aliança, comprometendo-se com a missão comunitária, ao mesmo tempo em que mantém outras atividades seculares e permanece ao lado dos familiares. Já no modo vida, o membro da uma nova comunidade dedica-se integralmente, vivendo de forma disciplinar com outros missionários.
Algumas das principais características que se constatam na vida daqueles que fazem a experiência da efusão do Espírito Santo, dentro das novas comunidades, são o retorno à oração, o amor à Palavra de Deus, novos laços de espiritualidade, fraternidade e apostolado.
A realidade das novas comunidades é um convite vigoroso a repensar a dimensão comunitária nas paróquias, como afirma presidente da Comissão Episcopal Pastoral para os Ministérios Ordenados e a Vida Consagrada, dom Jaime Spengler. O arcebispo metropolitano de Porto Alegre (RS) também coloca que esses novos movimentos são uma oportunidade de rever o modo como usualmente se conduz e se assume o desafio da evangelização, além de abrir mentes e corações para acolher a voz do Espírito que continua suscitando carismas.
“Trata-se de uma realidade bastante recente. É um fenômeno certamente belo constatar o desejo de tantos, de se lançarem mais decididamente no seguimento do Senhor, de poderem viver mais intensamente laços comunitários, de se engajarem na obra da evangelização” ressalta.
Os bispos reunidos em Aparecida (SP), dedicaram-se a estudar essa nova face da Igreja durante a V Conferência Geral do Episcopado Latino-americano (CELAM). No documento é sublinhada a valiosa contribuição dessa realidade para a Igreja local. A Conferência ressalta que os movimentos e novas comunidades são uma oportunidade para que muitas pessoas afastadas possam ter uma experiência de encontro vital com Jesus Cristo e, assim, recuperar sua identidade batismal e sua ativa participação na vida da Igreja.
Dentro dessa realidade, a comunidade Obra de Maria traz um carisma enraizado no amor mariano. Ela tem como missão evangelizar de todas as formas com alegria. Dentre os trabalhos estão a oração do terço nas casas, grupos de oração, congressos nacionais e internacionais, trabalhos com ministério de música, projetos sociais e, principalmente, peregrinações aos santuários do mundo todo.
Há 13 anos que o missionário Alexsandro Torres teve uma experiência de infusão no Espírito Santo, durante uma peregrinação com a comunidade. Após um longo aprofundamento no ministério da vida missionária, ele sentiu-se impulsionado a largar tudo e seguir a Cristo ao lado da esposa. “Tenho alegria de Servir a Deus com toda a minha família, eu, minha esposa e meus quatro filhos. Em nenhum momento olhamos para trás. Pelo contrário, temos a certeza que somos de Deus e estamos no lugar certo, que nos impulsiona ir além”, frisa.
Os que desejam ingressar na comunidade precisam realizar primeiramente um acompanhamento e participar dos encontros vocacionais durante o ano. Sendo aprovado, o candidato é convidado a fazer uma experiência mais inteiramente como pré-discipulado e discipulado. Depois de três anos de discernimento vocacional, o missionário passa pela primeira consagração e, após cinco anos, o membro realiza os votos perpétuos.
Torres, que atualmente vive em Cachoeira Paulista (SP), pontua que os jovens que sentem o chamado a viver em uma nova comunidade devem aprofundar-se e conhecer o carisma que se busca. Além disso, ele diz que é primordial rezar, pois na oração Deus revela o caminho a ser seguido. “Só se entende a vocação quem é chamado”, coloca.