Papa pede que fiéis enfrentem globalização da indiferença
Por Jéssica Marçal, da Redação
Fotos: Arquivo – L’Osservatore Romano
Na mensagem para a Quaresma 2015, foco do Papa é para a indiferença com relação ao sofrimento alheio, um “mal-estar” global que os cristãos têm o dever de enfrentar
O Vaticano divulgou nesta terça-feira, 27, a mensagem do Papa Francisco para a Quaresma 2015. O convite do Santo Padre é para um fortalecimento dos corações, a fim de que os cristãos cumpram seu dever de enfrentar a “globalização da indiferença”.
Segundo o Papa, esse é um dos desafios mais urgentes e constitui uma tentação real para os cristãos. Deus não é indiferente ao mundo, recorda o Pontífice, logo, o povo de Deus precisa de uma renovação para não cair na indiferença e nem se fechar em si mesmo.
Tendo em vista essa renovação, Francisco propõe uma meditação sobre três âmbitos: a Igreja como um todo, paróquias e comunidades e cada um dos fiéis.
O Pontífice recorda que a Igreja é comunhão de coisas santas. E tendo em vista que os fiéis estão interligados em Deus, podem fazer alguma coisa mesmo por aqueles que estão distantes.
Isto vale também para as paróquias e comunidades, diz o Papa, pedindo que tais comunidades sejam ilhas de misericórdia em meio à indiferença.
“Nestas realidades eclesiais, consegue-se porventura experimentar que fazemos parte de um único corpo? Um corpo que, simultaneamente, recebe e partilha aquilo que Deus nos quer dar? Um corpo que conhece e cuida dos seus membros mais frágeis, pobres e pequeninos?”.
A tentação da indiferença é apresentada também para cada indivíduo, recorda Francisco. Há uma saturação de notícias e imagens que relatam o sofrimento humano e faz sentir, ao mesmo tempo, uma incapacidade de intervir.
Para não se deixar absorver por essa “espiral do terror e da impotência”, Francisco indica a oração, gestos de caridade e reconhecer no sofrimento do próximo um apelo à conversão.
Francisco pede aos fiéis que vivam a Quaresma como um percurso de “formação do coração”, como já havia convidado Bento XVI, atualmente Papa Emérito. O Santo Padre ressalta, porém, que ter um coração misericordioso não significa ter um coração frágil
“Quem quer ser misericordioso precisa de um coração forte, firme, fechado ao tentador mas aberto a Deus; um coração que se deixe impregnar pelo Espírito e levar pelos caminhos do amor que conduzem aos irmãos e irmãs; no fundo, um coração pobre, isto é, que conhece as suas limitações e se gasta pelo outro”.